Assunção Duarte
Assunção Duarte
29 Jun, 2023 - 12:16

Trelas e coleiras podem provocar lesões também nos donos

Assunção Duarte

Na hora de passear um cão, trelas e coleiras adequadas são importantes na protecção do seu animal de estimação e das suas mãos.

Trelas e colerias de cães podem provocar lesões

As trelas e coleiras, tal como os peitorais, fazem parte do dia a dia dos donos que têm animais de estimação.

Elas estão relacionadas com um dos momentos de maior prazer que ambos podem retirar da companhia um do outro: o momento do passeio e da caminhada diária que ajuda não só a reduzir o stress e a melhorar a saúde dos dois, como também a criar laços com a comunidade e a natureza da região onde vivem.

Mas o que pode ser um momento de descontração e convívio, pode tornar-se um verdadeiro martírio se o cão estiver fora de controlo e passar o tempo todo a puxar pela trela.

De acordo com a Sociedade Britânica de Cirurgia da Mão (BSSH), o resultado destes passeios descontrolados pode mesmo acabar no hospital, com numa intervenção cirúrgica à mão do dono de um destes cães descontrolados.

Trelas e coleiras mal utilizadas provocam fractura na mão

Segundo a BSSH os ferimentos mais graves causados pelo uso incorreto das trelas dos cães durante o passeio são as fracturas em espiral dos ossos das mãos, que costuma exigir uma cirurgia de correção. As outras lesões mais comuns incluem lacerações, deslocamentos e queimaduras por fricção nas mãos, pulsos e braços.

Podemos pensar que não é muito frequente, mas segundo dados britânicos, no espaço de um ano foram detectados cerca de 30 casos de lesões graves provocadas por trelas em apenas um dos hospitais da rede Royal Cornwall Hospitals NHS Trust, pelo que a BSSH resolveu emitir um alerta de aconselhamento oficial para todos os donos que se queiram prevenir.

Em Portugal não foram divulgados dados oficiais sobre estas lesões, nem se tiveram as mesma causas especificas, mas vale a pena reforçar estes conselhos da Sociedade Britânica uma vez que, segundo o estudo TGI da Marktest cerca de 38.8% dos lares do continente nacional possuem pelo menos um cão como animal de estimação.

Eduque o seu cão e não enrole a trela nas mãos

O primeiro conselho é educar o seu cão para que ele não puxe pelas trelas e coleiras enquanto passeia. Esta pode ser uma tarefa difícil para os donos, especialmente se for a primeira vez que está a educar um cão e este tem um temperamento complicado ou possui muita força.

Saiba que os cães costumam puxar pela trela por 3 motivos básicos: não estarem habituados a andar devagar ao lado do dono, têm pressa para chegar aos sítios que lhes interessam ou porque o próprio dono os puxa.

Habitue o seu cão a andar sem puxar e não o puxe sem uma boa razão. Sempre que ele puxar não vá atrás dele porque ele encara isso como recompensa e assume que fazendo força avança para onde quer ir. Não lhe dê puxões com força porque pode provocar-lhe lesões no pescoço se ele estiver com coleira e não peitilho. Faça finca pé e toque-lhe no corpo com determinação para o fazer parar e olhar para si.

Dê-lhe reforço positivo sempre que ele não puxar e andar ao seu lado. Utilize comida, festas e palavras de apoio e dê-lhas em andamento. Ele vai acabar por fazer a associação entre o facto de andar devagar perto de si e as coisas que gosta de receber. Se mesmo assim não conseguir ensiná-lo a andar sem estar sempre a puxar, peça ajuda a treinadores de cães especializados.

Cão com trela na boca

Evitar os puxões

No entretanto, os conselhos da Sociedade Britânica para os donos que passeiam cães impulsivos e fortes é não enrolar as trelas em torno dos pulsos ou dedos para que se houver um forte puxão, eles não fiquem comprometidos.

O mesmo para os donos de cães grande e altos que colocam os dedos sob a própria coleira do animal para o controlar. Não faça isso porque podem ficar igualmente lesionados com um puxão forte.

Para os donos de cães grandes também é adequado que os seus donos mantenham as trelas curtas, quer usem coleira ou peitilho, isto porque o objectivo é impedi-lhos de ganhar velocidade durante a corrida o que aumentaria a força do puxão brusco. Mas já sabe, o melhor é mesmo apostar na educação do seu amigo patudo. Um cão educado significa uma vida mais feliz para si e para ele.

Peitilho é melhor que coleira

Muitos profissionais e veterinários desaconselham o uso de coleiras por causa da delicadeza do pescoço canino. Este é constituído por músculos e estruturas importantes que podem facilmente ficar lesionadas com os puxões que podem provocar contracturas ou problemas mais graves como a compressão da medula, alterações respiratórias, problemas na tiroide ou mesmo problemas neurológicos.

Se tiver a certeza de que o seu cão nunca vai puxar e que se sente descontraído por andar ao seu ritmo, a coleira pode ser uma opção que não vai causar problemas, mas se for um dos que de vez em quando puxa, mesmo que treinado, o melhor é utilizar um peitilho bem adaptado que não causará danos no pescoço nem nas costas já que a força do puxão fica melhor distribuída. O mercado tem trelas e coleiras de todas as formas e feitios.

Esta solução também permite uma maior descontração no passeio já que o seu cão pode fazer calmante um ou outro desvio sem que isso pressione o dono a andar mais depressa ou mais devagar.

Lembre-se que para ele também é importante manter algum do seu ritmo natural e que deve ter em atenção as suas necessidades especificas como espécie animal para que o seu passeio seja saudável e sem puxões de parte a parte.

Dê-lhe tempo para farejar

Farejar é a forma que os cães têm de comunicar com o mundo. Ele vai querer cheirar tudo o que para si pode parecer lixo, mas não lhe ralhe nem o puxe com brutalidade quando o fizer. Lembre-se dos reforços positivos para o afastar dos locais mais complicados.

Mantenha-o vacinado e convenientemente desparasitado para estar protegido contra doenças, mas não lhe tire a hipótese de farejar demoradamente onde quiser. É a sua forma de relaxar e conhecer o ambiente onde vive. Privá-lo disso seria o equivalente a deixá-lo a si sem telemóvel ou redes sociais para comunicar se for um utilizador frequente.

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Deixe-o aproximar de outros cães

Mas apenas se ele o fizer de forma cordial e não agressiva. Procure ajuda se assim não acontecer. Isto porque os cães são animais sociais, de matilha, e que precisam deste convívio com outros da sua espécie.

Deixe-o correr livremente em locais seguros

Caminhadas muito curtas porque o dono está com pressa ou cansado, ou caminhadas muito longas que um cão idoso já não consegue acompanhar ou que não gosta, não devem ser opção. Tente que o seu amigo de quatro patas tenha hipóteses de andar o que precisa.

Existem parques onde o pode deixar andar à solta e em segurança se estiver cansado para o acompanhar. Também é importante que o seu cão possa correr livremente e sem trelas se não colocar em perigo a sua segurança e a dos outras. Investigue as opções perto da sua residência e conheça as necessidades especificas do seu cão para ter passeios sem puxões ou lesões com as trelas e coleiras adequadas.

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