Olga Teixeira
Olga Teixeira
15 Out, 2019 - 10:59

Inquérito poupança: 70% dos portugueses diz ter situação financeira positiva

Olga Teixeira

Quais são os hábitos de poupança dos portugueses? Poupamos muito? Como gastamos dinheiro? Veja os resultados do inquérito poupança feito pelo Ekonomista.

inquérito ekonomista sobre hábitos de poupança dos portugueses

O inquérito poupança, feito pelo Ekonomista, desafiou os nossos leitores a responderem a questões sobre a sua situação financeira, despesas, poupanças e sobre a forma como estão a preparar a reforma.

Este inquérito, designado Hábitos de Poupança dos Portugueses, permite perceber que, embora muitas pessoas tentem ter uma gestão rigorosa do orçamento familiar, a poupança é feita sobretudo nos pequenos gestos do dia-a-dia, sem planificação ou obrigatoriedade de pôr dinheiro de lado.

Ainda assim, são despesas como o crédito da casa e as contas mensais que mais impacto têm no orçamento familiar. E muitos confessam que, depois de pagas as contas, não sobra dinheiro para poupar.

Inquérito poupança: como vivemos?

Inquiridos de forma confidencial, e sabendo que as suas respostas permaneceriam anónimas, os participantes neste inquérito sobre poupança não hesitaram em falar sobre um tema que ainda é, muitas vezes, tabu.

Afinal, vivemos com desafogo financeiro ou o dinheiro não chega ao fim do mês? E onde cortamos quando é preciso poupar?

Conheça os hábitos de poupança dos portugueses

Situação financeira positiva

À primeira questão, colocada de forma bastante direta (Como considera a sua situação financeira?), a grande maioria (70%) respondeu de uma forma positiva, ou seja, tem uma situação entre estável e muito boa:

  • 7% respondem que é muito má
  • 23% consideram que é má
  • 33% dizem que é estável
  • 34% afirmam que está a melhorar
  • 2.7% acham que é boa
  • Apenas 0,3% reconhece que é muito boa

Considera-se uma pessoa poupada? Esta foi a segunda questão do inquérito à poupança e as respostas afirmativas foram inequívocas (88%).

Despesas domésticas pesam bastante no orçamento familiar

Atendendo a que, na primeira questão, quase três quartos dos inquiridos disseram ter uma situação financeira satisfatória, a resposta à terceira pergunta (Considera que reúne as condições financeiras ideais para ter uma vida digna?), não poderia ser muito diferente: 73% disseram que sim.

Através da quarta pergunta é possível perceber que o peso das despesas mensais no orçamento doméstico é bastante significativo:

  • Menos de 25% – apenas 7% dos inquiridos gasta menos de um quarto do orçamento em despesas mensais
  • 25 a 50% –  é o peso das despesas mensais no orçamento de quase metade dos inquiridos (46%)
  • 50 a 75%  – 25% dos inquiridos gasta mais de metade do orçamento só para pagar despesas mensais
  • Mais de 75% – é o peso das despesas fixas no orçamento de 10% dos inquiridos
  • 12% não sabe responder a esta pergunta

A gestão do orçamento doméstico é, aliás, fundamental para perceber quando e como se está a gastar o dinheiro. Nesta pergunta, os leitores do Ekonomista foram colocados perante quatro hipóteses e responderam da seguinte forma:

  • Não controlo o meu orçamento doméstico: 35%
  • Tenho suporte profissional para gerir as minhas finanças: 5%
  • Tenho uma tabela de gestão de orçamento: 56%
  • Utilizo uma aplicação de gestão financeira: 4%

Ou seja, mais de metade faz uma gestão rigorosa, recorrendo a profissionais, meios tecnológicos ou a uma simples tabela, mas há ainda uma grande percentagem de portugueses que não se preocupa com o orçamento doméstico.

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Poucos são os que fazem planos financeiros a longo prazo

O planeamento das finanças é outro indicador de que nem todos os participantes neste inquérito à poupança estão preocupados com a sua situação financeira. 25% garantiram que não fazem planos em termos financeiros.

Os planos a curto e médio prazo foram admitidos por, respetivamente, 35% e 24% dos inquiridos e só 5% planeiam a longo prazo.

Há ainda uma parcela significativa (11%), que planeia de acordo com objetivos que tenha definidos, ou seja, poupa para conseguir alguma coisa, como uma viagem ou uma televisão nova.

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Crédito mas sem cartão

Em relação aos créditos, e contrariando a ideia geral de que os portugueses se endividam muito, 44% dos inquiridos disseram não estar a pagar qualquer tipo de crédito.

O crédito à habitação continua a representar uma grande fatia dos empréstimos: 25% disseram estar a pagar um crédito para a compra de casa e cerca de 14% têm este crédito e outros.

Pedir dinheiro para comprar carro é igualmente comum: quase 8% estão a pagar um crédito automóvel e 3% juntam este empréstimo a outro crédito. Apenas 143 inquiridos (6%) afirmam estar a pagar um crédito ao consumo.

A utilização do cartão ou cartões de crédito pode igualmente servir para aferir a forma como é gerido o dinheiro dos portugueses.

E, a julgar por este inquérito à poupança, este meio de pagamento pode estar a passar de moda.

  • Não tenho cartão de crédito: 39%
  • Tenho cartão de crédito, mas nunca uso: 17%
  • Uso apenas para compras online: 19%
  • Uso ocasionalmente para uma compra planeada: 8%
  • Uso regularmente para pagar despesas mensais: 17%

Poupança regular mas pouco diversificada

As últimas perguntas do inquérito incidiam especificamente sobre poupança e as respostas parecem indicar que os portugueses – ou pelo menos os nossos leitores – são bastante regulares na forma como amealham dinheiro.

Apenas cerca de 21% assume não fazer qualquer tipo de poupança. Os que põe dinheiro de lado fazem-no mensalmente (38%) ou de forma pontual quando sobra dinheiro (26%). Há quem aproveite também a altura de reembolso do IRS (15%) para pôr o dinheiro de lado.

Entre as razões para não fazerem poupança está, sobretudo, o facto de não restar dinheiro para tal, razão apontada por 84% dos inquiridos que assumiram nunca poupar dinheiro.

Os restantes optam por usar o dinheiro que sobra para fazer compras ou assumem não ter informação suficiente sobre poupança.

Os 1.727 inquiridos que disseram poupar foram questionados sobre a forma como é feita essa poupança e, surpreendentemente, muitos admitem manter hábitos da infância: cerca de 35% usam o mealheiro.

A mesma percentagem (35%) tem uma conta poupança e 13% também opta por pôr o dinheiro no banco, mas numa conta a prazo. Os produtos bancários e outras formas de poupança são usados por menos de 20% dos inquiridos.

Ainda assim, todos os que responderam a este inquérito sobre poupança admitem adotar, no seu dia-a-dia, hábitos que têm como objetivo poupar dinheiro.

Foram apresentadas oito opções e todos escolheram, pelo menos uma delas.

  • Estou atento aos consumos de água e luz: 34%
  • Procuro os serviços e fornecedores mais baratos: 60%
  • Tenho cartões de fidelidade e descontos: 30%
  • Compro sempre na época de saldos e promoções: 42%
  • Faço a maior parte das refeições em casa e levo marmita para o trabalho: 39%
  • Utilizo transporte público: 13%
  • Faço sempre listas de compras: 33%
  • Nunca faço compras por impulso: 35%

No presente muitos parecem viver com atenção aos gastos e ter um orçamento mais ou menos equilibrado, mas os inquiridos neste inquérito à poupança não parecem estar preocupados com o futuro.

Perguntámos se estão a preparar a reforma e a quase 70% responderam que não estão a fazer nada nesse sentido.

O PPR está a ser usado por 18% e os restantes recorreram a certificados de aforro ou outros produtos.

Quem participou no inquérito sobre poupança?

O inquérito online “Hábitos de Poupança dos Portugueses” feito pelo Ekonomista incidiu sobre portugueses e residentes em Portugal e continha 17 perguntas. Foi realizado entre os dias 16 e 28 de setembro de 2019 e contou com 2.174 participantes, que responderam espontaneamente às questões através de um formulário em chat online nas páginas de artigos. A margem de erro é de 2.1 pontos percentuais para mais e para menos.

As mulheres estiveram em maioria, com 73% das respostas a serem dadas por elementos do sexo feminino. Em termos de idades, registou-se uma prevalência de inquiridos em idade ativa: 40% entre os 26 a 40 anos e 42% entre os 41 e os 60 anos

65% dos participantes neste inquérito sobre poupança estão casados, vivem com um companheiro/a ou estão em união de facto e 77% têm filhos, sendo quase equivalente a percentagem dos que têm um filho (31%) ou dois (35%).

De salientar também a significativa percentagem de inquiridos sem filhos (23%) e o reduzido número de pessoas com três ou quatro filhos ou mais: 9% e 2%, respetivamente.

Conheça os hábitos de poupança dos portugueses

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