David Afonso
David Afonso
14 Jun, 2021 - 10:34

Gasolina Azul: uma nova solução combustível

David Afonso

Sabia que a gasolina azul, um novo combustível, vai ajudar a prolongar a vida útil dos veículos automóveis? Descubra todos os pormenores desta nova solução.

bomba de gasolina com gasolina azul

Ainda que muitos apontem para o fim dos motores de combustão nas próximas décadas, os fabricantes continuam a trabalhar para oferecer combustíveis menos poluentes e mais eficientes para este tipo de motores. Como é o caso da gasolina azul, uma nova solução apresentada pela Bosch, Shell e Volkswagen. Um conceito diferente, mas que promete.

Com efeito, neste artigo vamos abordar o que é, vantagens e qual será o seu posicionamento num mercado automóvel cada vez mais hibrido e elétrico.

O que é a Gasolina azul?

Primeiro foi o gasóleo, com o R33 BlueDiesel, agora é a vez da gasolina “mudar” de cor. Sim, porque antes desta “nova” gasolina, estas três empresas já tinham desenvolvido diesel com baixo teor de carbono e menos poluente. Mas, concentremo-nos no tópico do presente artigo!

A gasolina azul é o novo combustível de baixas emissões de carbono. É um combustível que garante emissões de dióxido de carbono (CO2) 20% inferiores à gasolina convencional. Acresce o facto de conter aditivos que mantêm o motor limpo e o protegem contra a corrosão.

Além disso, incorpora 33% de componentes renováveis (essencialmente gordura vegetal), permitindo uma redução das emissões de carbono do poço à roda (well-to-wheel) de, pelo menos, 20% por cada quilómetro percorrido.

Quais as suas vantagens e desvantagens?

Relativamente às vantagens, o ponto de destaque é sem dúvida o diminuir das emissões poluentes. Um ponto extremamente importante numa época onde a pegada ambiental está em cima da mesa do mundo automóvel. Para isso, muito ajudaram os testes realizados.

Num universo com 1000 unidades do Volkswagen Golf, da última geração (8.ª), todos eles equipados com o motor 1.5 TSI e a percorrer anualmente uma média de 10.000 km cada. Segundo os resultados obtidos, se essa frota atestar apenas de gasolina azul, pode poupar mais de 230 toneladas de CO₂ por ano.

Outro ponto importante é a própria “invenção”. Uma prova que as marcas ainda pretendem oferecer soluções para o mercado, estão atentas e querem participar ativamente na mudança de paradigma de circulação e, ao mesmo tempo acompanhar a evolução automóvel.

Quanto às desvantagens, será sempre uma gasolina mais cara. Devido ao seu processo de fabricação, a gasolina azul terá um custo superior à gasolina convencional.

Por outro lado, a sua disponibilidade. A Bosch lançou esta gasolina azul nos postos de abastecimento de empresa já em maio de 2021. Posteriormente será gradualmente disponibilizada nos postos de abastecimento convencionais, a começar pela Alemanha. Logo, países como Portugal terão de esperar pela sua expansão.

Contudo, terá sempre um processo de expansão mais lento que os combustíveis tradicionais. Visto que, terá de haver postos de abastecimentos nos outros países aptos para a sua venda.

Gasolina azul: adequada para qualquer carro, antigo ou novo

Sem implicar nenhuma alteração nos motores novos ou antigos, que habitualmente consomem gasolina com 95 ou 98 octanas, que segundo a denominação moderna são conhecidas como E5 ou E10 (por incluírem 5% ou 10% de etanol), o novo combustível não só obedece à norma reguladora (EN 228/E10) como até supera alguns requisitos do regulamento. Nomeadamente no que respeita à estabilidade do armazenamento e ao comportamento da ebulição, asseguram as empresas envolvidas.

Portanto, uma das grandes vantagens da gasolina azul é que pode ser utilizada então por um grande número de veículos já em circulação. Sem aumentar o percentual de etanol presente na mistura, visto que a compatibilidade com o E10 está presente na maioria dos veículos do parque automóvel.

Por outro lado, está aconselhada para híbridos plug-in, pelas suas caraterísticas, nomeadamente estabilidade perante a variação de temperaturas, que permite que a gasolina possa permanecer no depósito por longos períodos, sem adulteração, nos casos em que se privilegia a condução em modo elétrico.

Quanto à ampliação do seu uso, a Bosch indica que a gasolina azul não pretende ser uma alternativa à mobilidade elétrica, mas sim completá-la. E, acima de tudo, uma opção a considerar entre os híbridos plug-in, tal como referido no parágrafo anterior, nos quais as suas emissões seriam ainda menores.

Será este o futuro dos motores de combustão?

Por último, fazer uma referência à posição das marcas envolvidas relativamente a este progresso.

Uwe Gackstatter, presidente da divisão de Soluções de Powertrain da Bosch, numa nota enviada às redações alemães, refere que:

Qualquer bocadinho de CO₂ que economizamos pode ajudar-nos a atingir as nossas metas climáticas

Já Felix Balthasar, responsável de Combustíveis Especiais da Shell, afirmou que:

O nosso novo combustível permite também a partir de agora que os motores a gasolina deem um grande passo em termos de sustentabilidade. Além disso, será produzida e distribuída pelos postos de abastecimento que já possuímos.

Quanto à Volkswagen, a posição passa, acima de tudo, pela questão da mobilidade e dos benefícios que a gasolina azul vai trazer para o mercado dos combustíveis.

Com efeito, tal como referimos no primeiro parágrafo deste artigo, ainda que os sinais sejam outros, este tipo de soluções será uma lufada de ar fresco para um mundo automóvel mais saudável.

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