Valdemar Jorge
Valdemar Jorge
16 Jul, 2020 - 10:30

Stellantis é o nome escolhido para a fusão dos grupos PSA e FCA

Valdemar Jorge

A fusão da Peugeot, Citroen e Fiat vai criar um conglomerado cujas vendas anuais que se cifrarão nos 9 milhões de automóveis. Conheça os contornos desta operação.

fiat spyder

As várias reuniões de trabalho realizadas durante o mês de Outubro de 2019 ditaram mudança de rumo dos grupos PSA e FCA (Fiat Chrysler Automobiles), e em Dezembro de 2019 finalmente foi finalmente oficializada a fusão dos dois grupos.

Aqueles que são dois dos maiores grupos automóveis europeus acabaram por unir os seus esforços com vista à criação de um novo conglomerado empresarial que será, segundo as projeções avançadas, o 4.º maior grupo automóvel a nível mundial no que a vendas diz respeito.

Segundo comunicado do Grupo PSA, as discussões e reuniões de trabalho abriram caminho “à criação de um novo grupo com uma dimensão e recursos de envergadura mundial, detido em 50% pelos acionistas do Groupe PSA e em 50% pelos acionistas da FCA”.

No documento, o grupo de origem francesa acrescenta “num ambiente em rápida mutação, em que se enfrentam novos desafios em matéria de mobilidade conectada, eletrificada, partilhada e autónoma, a nova entidade conjunta poderia tirar partido da sua forte pegada mundial de Pesquisa e Desenvolvimento e do seu ecossistema, para acelerar a inovação e enfrentar esses desafios com agilidade e eficiência económica”.

Fusão grupo PSA e FCA: as linhas gerais do negócio que criará o 4.º maior grupo mundial

carros do grupo psa
Fonte: Grupo PSA/Divulgação

FCA e o Groupe PSAm ao fundirem-se e criarem uma nova estrutura de negócio, posicionam-se no 4.º lugar a nível mundial no que diz respeito a vendas. Recorde-se que a primeira tem forte ligação de negócios na América do Norte e na América Latina, enquanto o Groupe PSA está fortemente implantado na Europa.

O grupo FCA é detentor das marcas Alfa Romeo, Chrysler, Dodge, Jeep, Lancia, Maserati e RAM e ainda das divisões Abarth, Mopar e SRT, enquanto o Groupe PSA detém as marcas Citröen, DS, Peugeot, Opel e Vauxhall (estas duas últimas adquiridas à General Motors, em 2017).

A nova estrutura surge da junção das operações dos dois grupos na proporção de 50/50, o que cria um grupo com valor estimado de 50 mil milhões de euros, com vendas anuais de 8,7 milhões de automóveis e uma receita de cerca de 170 milhões de euros e lucro operacional acima da fasquia dos 11 milhões de euros, tendo em atenção os resultados acumulados de 2018, dos dois grupos, “excluindo-se a Magneti Marelli e a Faurecia”.

Segundo o Grupe PSA “a significativa criação de valor gerada por esta transação é estimada em cerca de 3.700 milhões de euros de sinergias anuais. Estes resultariam, principalmente, de uma alocação mais eficiente de investimentos de longa escala em plataformas de veículos, cadeias de tração e tecnologias, e uma maior capacidade de compra, inerente à nova dimensão do grupo”.

De destacar que as estimativas avançadas não preveem o encerramento de qualquer fábrica, sendo positiva a manutenção de todos os postos de trabalho já existentes.

Um dos principais pormenores do negócio centra-se no domicílio fiscal do novo grupo que ficará sediado na Holanda, estando previstas filiais nas cidades de Paris, Milão e Nova Iorque.

Novos compromissos assumidos pelos grupos PSA e FCA

Resultado da criação da nova estrutura foi acordado o “compromisso de suspender as participações acionistas, durante um período de 7 anos a contar da implementação da fusão, da EXOR N.V., do Bpifrance Participations SA, da DFG e da família Peugeot”.

Entretanto, “a EXOR, Bpifrance Participations e a família Peugeot seriam sujeitas a um período de bloqueio das suas participações durante 3 anos. Em exceção, a Família Peugeot seria autorizada a aumentar a sua participação na entidade combinada em 2,5% nos primeiros 3 anos após a implementação da fusão, através da aquisição de ações da Bpifrance Participations e DFG”.

Ainda antes da conclusão da fusão dos dois grupos a FCA distribuirá “aos seus acionistas um dividendo excecional de 5.500 milhões de euros, bem como a sua participação na Comau”.

Do mesmo modo, a Peugeot S.A. distribuirá “aos seus acionistas a sua participação de 46% na Faurecia”. Estas ações permitem que os acionistas de ambos os grupos partilhem, em partes iguais as sinergias e benefícios resultantes da fusão.

Português Carlos Tavares será o CEO do novo grupo

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Fonte: Grupo PSA/Divulgação

O português Carlos Tavares, que atualmente é chefe-executivo do grupo PSA, é o nome indicado para CEO e membro do Conselho de Administração do novo grupo.

O conselho de administração será formado por 11 elementos: 6 nomeados pelo Groupe PSA e 5 indicados pelo FCA, estando aqui incluído o atual presidente John Elkann, que desempenhará a presidência do novo grupo.

A propósito da fusão dos dois grupos Carlos Tavares, CEO da Peugeot, declarou: “Esta convergência traz uma criação de valor significativa para todas as partes envolvidas e abre um futuro promissor para a empresa resultante da fusão. Estou muito satisfeito com o trabalho já realizado com o Mike e terei um enorme orgulho em trabalhar com ele para construir uma empresa de referência”.

Por seu lado, Mike Manley, CEO do FCA acrescenta: “Sinto-me orgulhoso por ter a oportunidade de trabalhar com o Carlos e a sua equipa nesta fusão que tem o potencial para mudar a nossa indústria. Temos uma longa história de cooperação frutuosa com o Groupe PSA e estou convicto de que, em conjunto com as nossas excelentes equipas, podemos criar um protagonista na mobilidade de classe mundial”.

Pelo menos um carro em todos os segmentos

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Fonte: Grupo PSA/Divulgação

A ação do novo grupo resultante da fusão do grupo PSA e FCA combina a força das marcas dos dois grupos em todos os segmentos desde o luxo, aos SUV, passando pelos premium e veículos de passageiros generalistas, até aos pesados e veículos comerciais ligeiros o que fará dele um dos mais fortes do mercado automóvel.

Mas, a ação não se centrará só nas vendas. O novo grupo terá ainda competência para atuar nas novas tecnologias que suportam a mobilidade sustentável, incluindo a eletrificação automóvel, a condução autónoma e ainda as novas tecnologias digitais e conectadas.

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