André Brito
André Brito
29 Dez, 2018 - 02:00

Fim-de-semana no Douro: dicas para dias memoráveis

André Brito

Portugal está repleto de locais magníficos para descobrir, mas se o que procura é algo verdadeiramente sublime, um fim-de-semana no Douro é a melhor escolha.

Fim-de-semana no Douro: dicas para dias memoráveis

No final do século XIX, o Douro era um local de difícil acesso. A região era extremamente remota, sendo necessários alguns dias para chegar por terra, a partir do Porto, e a viagem pelo rio era ainda mais inóspita, face a fraca qualidade das embarcações para enfrentar as fortes correntes e os inesperados obstáculos que o Douro reservava. Um século e alguns anos volvidos, o cenário transformou-se e o Douro está hoje ao alcance de qualquer um. Leia aqui as nossas propostas para um fim-de-semana no Douro memorável.

Tudo o que precisa de saber para um ótimo fim-de-semana no Douro

A melhor maneira de chegar ao Douro é de carro. Fazer um cruzeiro ao longo do rio é uma experiência única, mas não lhe permite ter a liberdade de parar quando e onde quiser. Se não tiver carro ou não gostar de conduzir por caminhos nunca antes desbravados, não se preocupe: há um comboio que segue para o Douro, desde o Porto até ao Pocinho (3h30 de viagem por 15€), naquela que é considerada – por quase todos que já a fizeram – a linha de comboio mais bonita de Portugal. E se é verdade que o comboio não lhe vai dar a mesma flexibilidade que um carro, é uma excelente forma de chegar a este memorável destino, para o seu memorável fim-de-semana no Douro.

douro

Dia 1: Porto – Vila Real

Saia bem cedo e passe o primeiro dia a viajar, a partir do Porto em direção a Vila Real. A capital da antiga província de Trás-os-Montes e Alto Douro fica a sensivelmente 1 hora do Porto. Com uma localização central, é a base ideal para um fim-de-semana no Douro, com algumas cidades onde poderá parar ao longo do caminho. Por exemplo, pode fazer um ligeiro desvio a Guimarães e aproveitar para visitar o Castelo e o Palácio dos Duques de Bragança.

Siga para leste até Peso da Régua, ao sul de Vila Real, nas margens do Douro. Esta pequena cidade acolhe a deslumbrante e secular Quinta do Vallado. Com mais de 50 hectares de vinhas, é uma das principais produtoras de alguns dos vinhos mais aclamados do mundo inteiro. Não poderá perder a oportunidade para uma experiência de degustação dos seus vinhos (desde os tintos aveludados aos brancos frescos e suaves) nem de se inscrever num dos vários workshops que o farão compreender de forma mais aprofundada o processo de produção dos vinhos durienses. Ainda em Peso da Régua, não deixe de visitar o Museu do Douro para uma mais demorada incursão pela história desta região.

Se ainda lhe sobrou algum tempo e vontade, visite Lamego, uma cidade a pouco mais de 10km de Peso da Régua. Acredita-se que algumas partes deste belo assentamento datam do século VII e há vestígios do passado lamecense por toda a cidade. O desfiladeiro da cidade é o Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, uma imponente igreja com uma escadaria de 686 degraus.

lamego

Dia 2: Este de Vila Real

Continue no sentido leste pela EN322 em direção a Sabrosa. As vistas começarão a abrir-se à medida que se vai aventurando, com mais e mais avistamentos das colinas onduladas do Vale do Douro. Chegado a Sabrosa, há duas opções: prossiga a marcha ou siga para leste em direção a Favaios. Estas duas estradas encontram-se mergulhadas num vale profundo, descendo em direção à aldeia de Pinhão. As vistas de ambas são de tirar o fôlego.

Seja qual for a sua escolha, as estradas que vão sendo abraçadas por penhascos não são para condutores nervosos. De Sabrosa via Provesende parece quase um milagre como dois carros conseguem cruzar-se em sentido contrário. Não se sinta inibido, respire fundo e siga a um ritmo lento e cauteloso,  pois este percurso é um dos mais soberbos da região do Douro e a sua coragem será devidamente recompensada com vistas sobre aglomerados de telhados de terracota e videiras reluzentes em banhos de sol.

Se optar por descer por este caminho, faça um ligeiro desvio pelo outro lado do vale em direção a Favaios até ao Miradouro de Casal de Loivos. Desta plataforma, a encosta vai descendo suavemente em direção ao Pinhão e o rio desliza na parte inferior antes de abraçar o horizonte.

Regresse ao Pinhão, atravesse o Douro e comece a regressar até ao Peso da Régua. Este caminho, ao nível das azuis e tranquilas águas do Douro, é considerado por muitos como um dos mais deslumbrantes de Portugal. As colinas erguem-se de ambos os lados, à medida que os kms vão sendo percorridos, quinta após quinta, vinha após vinha.

pinhao

Onde ficar

Se o seu desejo é passar um fim-de-semana verdadeiramente inesquecível e tem alguma disponibilidade financeira para isso, a Quinta do Vallado é o lugar certo. Desde o dobrar do presente século que esta deslumbrante propriedade tem sabido reinventar-se, assumindo um papel de destaque no turismo rural do país. Não existem muitos quartos nesta renovada mansão do século XVIII para uma procura tão elevada, portanto deverá planear o seu fim-de-semana no Douro e reservar um quarto na Quinta do Vallado com alguns meses de antecedência.

Se o seu orçamento não lhe permite estas pequenas excentricidades, não desanime, pois há outras opções muito simpáticas a ter em conta para uma noite bem passada. Em Vila Real, o Douro Village Hostel, bem no coração da cidade, é uma excelente escolha. Uma pequena unidade hoteleira gerida por pessoas jovens, dinâmicas e com bom gosto. E não pense que terá que dividir o quarto com pessoas que não conhece de lado nenhum; existem quartos duplos com casa de banho privada e com pequeno-almoço incluído por menos de 40€/noite.

Onde comer

Sugerimos-lhe a Tasca da Quinta em Peso da Régua, muito próxima do Museu do Douro, um pequeno e renovado restaurante numa antiga casa típica daquela região, com alguns dos pratos que mais celebrizaram a nossa tão variada cozinha. Em Vila Real, poderá optar pelo Oh, Faxabor, um espaço jovem e simpático, orientado para as tapas. Falar sobre a restauração duriense e não falar no DOC, é como ir a Roma e não ver o Papa. Se quiser terminar o seu fim-de-semana no Douro com chave de ouro, guie até Armamar e deixe-se ofuscar pela janela para o Douro do notável Chef Rui Paula.

Termine o seu fim-de-semana no caminho de regresso ao Porto a um ritmo desacelerado, ao longo da sinuosa EN222, percorrendo mais aldeias, mais herdades, mais vinhas, mais encostas, mais pedaços de rio. Um cenário que nunca cansa, porque o Douro serve-lhe tudo na medida exata. Desfrute bem do fim-de-semana no Douro.

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