Teresa Campos
Teresa Campos
06 Set, 2023 - 00:06

Quando e como falar sobre sexo aos filhos

Teresa Campos

Falar sobre sexo aos filhos é fundamental e faz parte da educação da criança/adolescente. Perceba connosco quando e como fazê-lo.

A adolescência é caraterizada pelas mudanças físicas, psicológicas e sociais do indivíduo, seja ele rapaz, ou rapariga. Mais conturbada para uns, mais tranquila para outros, esta fase traz muitas dúvidas e questões e, por isso, é normalmente uma boa altura para falar sobre sexo aos filhos.

O período da adolescência começa com a primeira menstruação ou com a primeira ejaculação, sendo que o início da puberdade ocorre 3 a 4 anos antes desse momento. Todas estas alterações hormonais e emocionais levam à maturidade reprodutiva e a um crescente interesse pela sexualidade. É nesse momento que falar sobre sexo aos filhos é imperativo.

Aprenda a falar sobre sexo aos filhos

Até à adolescência, são principalmente a família e os amigos a influenciar os mais novos. Porém, na fase inicial da adolescência (11-15 anos), os pares do mesmo sexo começam a ser os principais elementos de influência. Depois, na fase final da adolescência (15-18 anos), inicia-se uma nova etapa, com a identificação dos jovens com os pares do sexo oposto.

Este percurso acarreta dúvidas, angústias e muita curiosidade em relação ao que se passa consigo, com o seu corpo e com as relações com os outros.  A maturação do sistema sexual, sobretudo na fase final da adolescência, vai frequente conduzir às primeiras relações amorosas e primeiras experiências sexuais. (Segundo os dados do Global Sex Survey (2005), em Portugal, a vida sexual inicia-se, em média, cerca dos 16,9 anos.

pais a conversar com filho

O papel dos pais

Antes de focar a questão essencial: “como falar sobre sexo aos filhos”; importa expôr os vários aspetos que interferem na vivência da sexualidade e que são:

  • biológica (o corpo);
  • relacional (comunicação);
  • ética e sociocultural (escolhas e responsabilidades);
  • psicológica (emoções e sentimentos).

A importância do papel dos pais relaciona-se, logo, com a capacidade que eles têm de prevenir um início precoce da sexualidade, além de promoverem uma sexualidade mais informada e feliz.

Um começo prematuro da atividade sexual pode causar traumas para a vida e é muitas vezes causado pela(s):

  • falta de comunicação e diálogo com os pais;
  • pressão do grupo;
  • mensagens veiculadas pelos media;
  • baixa autoestima, entre outras razões.

Muitas vezes, os pais sentem falta de à vontade para falar sobre sexo aos filhos não só por não estarem devidamente informados ou esclarecidos, como também por serem, frequentemente, obrigados a confrontar-se com a sua própria sexualidade e com algumas sensações ou impulsos que tenham reprimidos.

Além disso, e ao contrário do que se possa pensar, a banalização da sexualidade através dos media dificulta uma correta e adequada educação sexual, em que o sexo surja associado a afeto, responsabilidade e promoção da saúde.

Veja também Adolescentes e o sexting: quais os perigos e sinais de alerta?

O que deve dizer ao seu filho ou filha?

É importante ter em conta que falar sobre sexo aos filhos é algo que deve fazer, independentemente de ter um filho ou uma filha. Ambos os géneros carecem de esclarecimentos.

A conversa não deve ser forçada, devendo ocorrer num lugar e momento confortável para todos. O ideal é que o ambiente seja descontraído, o discurso seja próximo e se dêem “os nomes às coisa”, sem que haja tabus.

Nauralmente que a abordagem deve ser adequada à faixa etária dos seus filhos. É aconselhável que, ao longo do crescimento da criança e adolescente consiga falar sobre sexo aos filhos várias vezes. Isso ajudará a que ele vá percebendo algumas das informações que o rodeiam e vá construindo o seu entendimento da sexualidade.

pai a conversar com filho

Finalmente, quando perceber que a “hora” chegou, deve focar alguns dos seguintes aspetos. Diga ao seu filho ou filha que ele ou ela deve:

  • respeitar-se a si e à sua dignidade;
  • respeitar o outro, sem pressionar, nem discriminar ninguém pela sua orientação sexual, por exemplo;
  • saber dizer, independentemente das pressões. (A vida sexual só deve ser iniciada quando o jovem se sentir pronto);
  • ser responsável;
  • ter espírito crítico sobre o tema, as suas escolhas e opções.

Outros tópicos de conversa importantes prendem-se com:

  1. métodos anticoncecionais;
  2. doenças sexualmente transmissíveis;
  3. ida ao médico de família ou ginecologista (no caso das raparigas);
  4. esclarecer, sem preconceitos e de forma objetiva e natural, todas as dúvidas que o seu filho ou filha coloque.
Veja também