Olga Teixeira
Olga Teixeira
15 Jul, 2021 - 12:27

EUSOUDIGITAL: um projeto para ensinar o digital a quem mais precisa

Olga Teixeira
Patrocinado por:

O EUSOUDIGITAL tem um objetivo ambicioso: fazer com que um milhão de pessoas passe a usar a internet. Conheça o projeto e as entidades envolvidas.

Um projeto necessário para reduzir a exclusão digital e fazer com que todos possam saber como tirar partido da comodidade trazida pela internet. O EUSOUDIGITAL quer chegar a um milhão de portugueses que, por desconhecimento, estão ainda afastados do mundo online.

A iniciativa é financiada pela Caixa Geral de Depósitos, promovida pelo MUDA – Movimento pela Utilização Digital Ativa com apoio da Estrutura de Missão Portugal Digital e cofinanciado pelo Portugal Inovação Social, POISE – Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, Portugal 2020 e pela União Europeia.

UM MILHÃO DE NOVOS DIGITAIS ATÉ 2023

O lançamento do EUSOUDIGITAL aconteceu a 6 de julho, no edifício sede da Caixa Geral de Depósitos, em Lisboa. Durante toda a manhã, numa transmissão que pôde ser acompanhada em streaming e também na televisão, foi explicada a razão de ser deste projeto e dada a conhecer a forma como se vai desenvolver.

Ao longo da emissão, os espetadores ouviram testemunhos de pessoas para quem a internet trouxe mais qualidade de vida. Ficaram igualmente a conhecer a vasta rede de entidades que se vão associar a este programa inovador.

Até 2023, através de uma rede de milhares de voluntários e de 1.500 centros, um milhão de pessoas vai receber a formação necessária para poder usar a internet. Tarefas tão simples como fazer uma transferência bancária, enviar um e-mail ou usar as redes sociais para falar com a família passarão a estar ao alcance de quem, até hoje, não sabe o que é e como usar a internet.

Esta infoexclusão é ainda mais preocupante num contexto de pandemia, em que o presencial foi quase sempre substituído pelo online.

Saiba como ser voluntário do projeto.

IR MENOS AO BANCO, USAR MAIS A INTERNET

No setor bancário essa alteração foi particularmente visível. Paulo Moita de Macedo, Presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos, lembrou algumas das mudanças verificadas no comportamento dos portugueses.

Além de uma quebra nas visitas aos bancos, assistiu-se ao crescimento da utilização de meios de pagamento digitais. “Hoje apenas cerca de 8% das transações são feitas presencialmente. Se antes já queriam ter acesso ao Banco durante 24 horas, depois da pandemia juntou-se ainda a questão da segurança”, referiu.

Hoje apenas cerca de 8% das transações são feitas presencialmente

A procura de cartões contactless, o aumento na utilização de cartões de débito, a redução no manuseamento dinheiro e crescimento no número de utilizadores das apps que permitem fazer operações bancárias foram outros aspetos relevantes da aceleração a nível tecnológico trazida pela pandemia.

Com dois milhões de clientes (1,8 milhões são particulares), a Caixa é um reflexo desta tendência cada vez mais digital. E, por isso, não poderia deixar de associar-se a uma ideia como o EUSOUDIGITAL, que procura, justamente, levar o digital a mais pessoas.

“O nosso contributo, enquanto motor de progresso do País, das famílias e das Empresas, passa também por não deixar ninguém para trás. Assumimos assim, de uma forma natural, o papel de investidores sociais e promotores principais do Programa EUSOUDIGITAL”, explicou.

Literacia digital: uma missão

“Cada vez temos mais clientes digitais e mais transações digitais. Mas também temos ainda um número importante de transações ao balcão”, admitiu, sublinhando que o Banco continuará a ter uma rede de balcões.

No entanto, a ideia é que cada vez mais as pessoas passem a dirigir-se a um balcão quando é mesmo importante, por exemplo, para tratar de questões relacionadas com crédito habitação.

Um estudo da Gfk refere que 18% dos portugueses nunca usaram a internet. Atendendo a que assuntos tão comuns como receitas médicas e declarações de IRS já se resolvem online, a necessidade de literacia digital é ainda mais relevante. E a Caixa, que tem dado especial atenção à literacia financeira, teria de fazer parte da solução criada com o EUSOUDIGITAL.

Paulo Moita de Macedo lembrou que as pessoas que hoje têm 70 ou 80 anos teriam cerca de 40 anos quando surgiu o multibanco. Por isso, a aprendizagem digital será “uma questão de prática e de levar as pessoas, explicando-lhes”. “Por isso entendemos que é importante termos não só os nossos colaboradores a dar essa explicação aos clientes, mas também o que este programa tem, que é um conjunto de mentores a ensinar as pessoas a fazerem transações muito simples”.

EUSOUDIGITAL: UM PROJETO DE PROXIMIDADE

Explicar às pessoas que essas operações permitem ter mais comodidade e mais segurança é, na sua opinião, fundamental para que exista adesão. E para que o objetivo de capacitar digitalmente um milhão de pessoas seja atingido.

Maria João Carioca, administradora da Caixa, referiu também, durante a apresentação do EUSOUDIGITAL, a importância de explicar, a estes adultos que nunca usaram a internet, os benefícios que podem retirar desta aprendizagem: “A inclusão acontece quando algo não lhes é imposto e as pessoas percebem que vão poder usar esse conhecimento”, sublinhou.

Uma aprendizagem que partilha com a Caixa um dos seus grandes valores: a proximidade. Se no caso da Caixa, a rede de balcões permite estar mais perto dos clientes, no EUSOUDIGITAL tudo se vai passar num contexto igualmente próximo: em ambiente familiar, numa primeira fase, e entre vizinhos, quando forem ultrapassados os constrangimentos causados pela pandemia.

“A natureza do programa enquadra-se na Caixa Geral de Depósitos. Associar-nos foi um passo muito natural”, considerou.

CGD: há 145 anos junto dos portugueses

Já Rui Negrões Soares, Diretor Central de Canais Digitais da Caixa Geral de Depósitos, lembrou que “há 145 anos que o papel da CGD é estar junto dos portugueses”. E apontou como exemplos o estímulo à poupança, o apoio dado com o crédito habitação e a internacionalização  para reforçar a ideia que “os desafios do país têm sido os da Caixa”.

Por isso, e ciente da sua responsabilidade, o Banco vai mobilizar equipas e disponibilizar agências e gabinetes para que funcionem como centros do EUSOUDIGITAL.

NÃO DEIXAR NINGUÉM PARA TRÁS

Mobilizar a sociedade como um todo é essencial num projeto desta dimensão. Elisabete Macieira, Diretora Executiva do Programa EUSOUDIGITAL, lembrou que “o desafio é chegar junto de quem precisa”.

O desafio é chegar junto de quem precisa 

“75% dos que usam a internet estão dispostos a ajudar”, lembrou. Por isso, acredita no sucesso de uma iniciativa que tem como objetivo “não deixar ninguém para trás”.

Durante a apresentação do projeto vários membros do Governo salientaram a importância deste programa em aspetos tão importantes como a igualdade de género, a inclusão de pessoas com deficiência ou a coesão territorial.

O Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, apelou aos jovens que frequentam a universidade para que “ensinem, pelo menos, um adulto”. “Tem que ser um objetivo coletivo”, sublinhou.

“Este é um programa essencial para o nosso futuro coletivo, que nos permite dizer que as tecnologias digitais nos vão ajudar a construir um país mais próspero, mais produtivo e eficiente, e, ao mesmo tempo, garantir que não deixamos ninguém para trás”, considerou o Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital, Pedro Siza Vieira, no encerramento do evento de apresentação do EUSOUDIGITAL.

Veja também