Marta Maia
Marta Maia
19 Out, 2018 - 10:59

7 erros financeiros que podem destruir um casamento

Marta Maia

O dinheiro é, muitas vezes, o principal motivo de separação dos casais. Saiba quais são os erros mais comuns e como evitá-los.

7 erros financeiros que podem destruir um casamento

A vida em comum tem muitos desafios, mas alguns tendem a assumir um protagonismo maior que os outros. É o caso das finanças pessoais: estudos recentes revelam que 35% dos casais admite que o dinheiro é o principal mote das discussões com o parceiro, e o conflito aparece muito cedo nas relações.

Assim, quando inicia um compromisso a dois, é importante ter em conta que a transparência se exige em todas as áreas da vida, incluindo a financeira. Se não está preparado para isso, talvez seja melhor mentalizar-se primeiro e só depois avançar para uma vida em conjunto.

Saber quanto o parceiro ganha e gasta não é invasão de privacidade nem deve ser olhado como uma forma de controlo, mas antes como condição essencial para um bom planeamento financeiro familiar. Se o casal não sabe quanto dinheiro tem disponível, quanto tem de separar para pagar as contas ou dívidas pendentes, dificilmente saberá organizar o orçamento da casa e evitar derrapagens – que, essas sim, são o ponto de partida para o conflito.

Reunimos, por isso, alguns erros financeiros comuns que estão na origem das discussões dos casais. Evitando-os, não só deixa o seu parceiro mais confortável como vai sentir que caminham os dois no mesmo sentido e de olhos postos nos mesmos objetivos de vida.

Antes de começar, no entanto, convém ressalvar que nada resulta se os elementos do casal não tiverem a mesma visão financeira, isto é, se não partilharem os mesmos ideais. É caso para dizer que, no plano orçamental, os opostos não se atraem e até se repelem, e que uma pessoa gastadora dificilmente será (e fará) feliz com um parceiro muito poupado.

A união deve, portanto, começar sempre por uma conversa franca e objetiva e com a procura de objetivos comuns. Só se estes existirem é que vale a pena dar o passo seguinte.

Os erros financeiros que estão na origem das discussões dos casais

1. Esconder dinheiro

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Guardar algum dinheiro de parte para poder gastar sem passar no crivo do parceiro é, muitas vezes, olhado como um ato de liberdade, mas pode bem ser uma “facada” na relação.

É certo que ninguém gosta de ser controlado e ter de explicar ao parceiro cada alfinete que compra não é agradável, mas ponha-se no lugar do seu parceiro e imagine que descobre que ele guarda dinheiro sem lhe dizer. A confiança sai muito abalada em situações destas, porque é comum que os casais se sintam enganados. Ou existe transparência total, ou não pode dizer-se que a confiança mútua rege a relação.

Pode evitar esconder dinheiro do seu parceiro e, ainda assim, manter a liberdade de comprar sem ter de justificar tudo. Uma solução é uma conversa a dois onde se estabelece um montante de “gasto livre”, isto é, uma fatia do orçamento familiar que é atribuída a cada um para gastar no que quiser, sem explicações necessárias. Desde que não ultrapasse esse valor, a paz está garantida no seio familiar.

Entenda ainda que o cenário do dinheiro escondido ganha gravidade quanto maior for a quantidade em causa – e até em função do tipo de “esconderijo” que dá ao dinheiro. Uma coisa é o parceiro descobrir que guardou 50 euros sem lhe dizer para comprar um vestido; outra coisa é descobrir que mantém uma conta poupança com centenas de euros e nunca lhe contou nada. A pergunta que vai surgir é: para quê guardar uma poupança só para si?

2. Dividir as contas “mais ou menos”

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São cada vez mais comuns os casais que vivem com contas bancárias separadas e essa é uma solução muito prática – ninguém controla o parceiro, ninguém sente que o parceiro está a gastar o que lhe pertence. No entanto, esta modalidade obriga o casal a dividir as contas habituais da casa, e é nessa divisão que, muitas vezes, se semeia a guerra.

Primeiro, é fácil de ver que dificilmente as contas são divididas exatamente a meio. Não há família nenhuma onde a conta da água e da luz sejam do mesmo valor todos os meses ou onde o orçamento do supermercado se cumpra ao cêntimo o ano todo. Assim, o conceito de “dividir a meias” cai por terra e o casal é obrigado a chegar a um acordo.

Ora, este acordo tem, muitas vezes, os dias contados. Geralmente, o casal decide que “cada um paga a sua parte e o resto gasta como quiser”, mas, como as contas não são sempre iguais, é quase certo que um dos elementos vai acabar por se sentir prejudicado. Se o supermercado custou mais do que a conta da luz, um fica com mais para gastar do que o outro. Isso é justo? E se corrigirem a divisão das contas, é justo que o parceiro que colabora na conta do outro tenha de pagar mais do que o que estava inicialmente acordado? E os jantares fora, quem paga?

“Dividir a meias” nunca é fácil e requer muita sintonia do casal. Se não está certo do seu alinhamento com o seu parceiro, o melhor é evitar estas divisões. Juntar tudo o que se ganha e que se gasta obriga o casal a olhar para os mesmos números e a encarar a gestão familiar como um trabalho conjunto e sem “meu” e “dele”.

3. Esconder dívidas

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Este é dos pontos mais sensíveis da vida de um casal, porque mexe diretamente com a confiança do parceiro e o sentimento de trabalho em conjunto. Quando um parceiro esconde dívidas do outro, não só está a ser desleal como está a colocá-lo em perigo, já que ele pode assumir despesas convencido de que são suportáveis e, mais tarde, descobrir que, afinal, está sobrecarregado.

Para ter uma ideia, um outro estudo recente descobriu que 31% dos inquiridos sente que a ocultação de dívidas é uma infidelidade maior do que a traição física. Descobrir que tem dívidas e não sabia é descobrir que, afinal, não tem a estabilidade financeira nem está tão confortável como estava. É um “tirar do tapete” difícil de perdoar e que leva, muitas vezes, a uma rutura irreparável do casal.

Para evitar este problema, não há volta a dar: tem mesmo de ser honesto com o seu parceiro sobre os cartões de crédito e as dívidas pendentes e, por muito difícil que seja, tem de garantir total transparência sobre as obrigações que recaem sobre vocês. Afinal, uma relação implica divisão de tudo, incluindo das dívidas, e é muito injusto não saber que está a dever dinheiro a alguém.

De resto, pense que tal como o dinheiro, as dívidas também se herdam. Claro que ninguém gosta de pensar no pior, mas, se lhe acontecer alguma coisa, o seu parceiro (e filhos) vai herdar dívidas que nem sabia que tinha e pode ficar em muito maus lençóis. Garantir que todos estão a par do que devem é, por isso, uma questão de lealdade para quem partilha a vida consigo.

4. Gastar de mais

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É o tema mais frequente das discussões financeiras dos casais e acontece sobretudo quando um dos elementos ganha mais do que o outro.

Claro que é muito difícil encontrar casais que tenham salários iguais (até porque as estatísticas continuam a mostrar que as mulheres tendem a ganhar menos que os homens), mas, se não houver total harmonia e sentido de compromisso entre os dois, a diferença salarial pode tornar-se um obstáculo difícil de transpor.

Haver um elemento do casal que gasta mais do que o outro é relativamente normal – basta pensar que, muitas vezes, um dos elementos do casal assume a responsabilidade de comprar roupas e produtos para os filhos, o que aumenta exponencialmente a despesa em relação ao parceiro -, mas esse desequilíbrio torna-se difícil de gerir quando o elemento que gasta mais é o que ganha menos.

É fácil cair na armadilha de o elemento que ganha mais sentir que está a sustentar o consumismo do que ganha menos. A sensação de injustiça ganha espaço e em pouco tempo o casal começa a por a veracidade dos sentimentos do parceiro em causa, numa espiral negativa que culmina no fim da relação.

Para evitar entrar neste ciclo vicioso, tente esclarecer à partida quais os hábitos financeiros de cada elemento do casal e como se encaixam. Não esconda do seu parceiro as despesas que tem regularmente e, paralelamente, não seja demasiado exigente. Pense que podem muito bem compensar-se um ao outro em muitas coisas e que a relação não se mede aos euros.

5. Gastar sem avisar

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Entregar umas centenas de euros à mãe ou a um irmão para ajudar numa despesa inesperada é um ato altruísta, mas só se o seu parceiro estiver a par desse gesto bondoso e concordar com ele.

Gastar dinheiro sem dizer ao parceiro é desfalcar o orçamento da família de forma unilateral, e isso prejudica a relação de confiança que une o casal. Se precisa de gastar uma quantia relevante ou se quer ajudar um familiar, explique a situação ao seu parceiro e garanta que ele entende a necessidade dessa despesa – caso contrário pode ter de justificar a sua atitude a meio de uma discussão e em muito piores condições.

Mais uma vez, a melhor forma de evitar este tipo de conflitos é conversar. Por outro lado, se está na posição contrária, explique ao seu parceiro que o dinheiro que têm é fruto do esforço dos dois e, por isso, só deve ser gasto com a concordância dos dois.

6. Ser forreta

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Acredite ou não, discutir com o parceiro porque gasta de mais é tão comum como discutir com o parceiro porque ele não quer gastar.

Ter um companheiro agarrado ao dinheiro pode ser muito difícil se não estiver alinhado com os mesmos valores. A forretice pode atingir níveis extremos e até por em causa o conforto e a qualidade de vida da família, por isso é, muitas vezes, motivo de ruptura entre os casais.

Se tem um parceiro forreta, faça-o ver que, por também contribuir para o orçamento familiar, tem direito a usufruir do dinheiro dentro dos limites do bom senso. Se, por outro lado, é o forreta da relação, entenda que nem todos temos as mesmas ambições na vida e que não tem o direito de exigir sacrifícios injustificados ao seu parceiro só para somar mais uns euros na conta bancária.

7. Querer o controlo financeiro

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Mais comum em famílias conservadoras, a batalha pelo poder financeiro é um tema crítico e que pode muito facilmente provocar discussões entre o casal.

Antigamente, o modelo familiar ditava que o “homem da casa” tinha o dever de providenciar o sustento da família e de gerir o orçamento familiar. Ora, em contextos onde o conservadorismo e o modernismo se encontram esta é uma atitude que perde espaço e gera conflito, porque nem todas as mulheres ganham menos que o parceiro e muitas nem sequer aceitam ser mantidas à parte das decisões financeiras da família.

Num cenário destes, a luta pela igualdade de género choca de frente com a luta pelo controlo das contas e dificilmente o casal consegue avançar com a relação.

Evitar os erros financeiros mais básicos pode livrá-lo de muitas discussões com o seu parceiro. Lute sempre pela transparência e nunca esconda nada de quem partilha tudo consigo, para o bem de uma relação duradoura.

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