Ana Graça
Ana Graça
30 Nov, 2021 - 13:27

DST aumentam entre os jovens. Saiba como preveni-las

Ana Graça

Os casos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) estão a aumentar, sobretudo entre os mais jovens. Saiba como preveni-las e tratá-las.

Análises de doenças sexualmente transmissíveis

De acordo com dados recentes, os diagnósticos de doenças sexualmente transmissíveis (DST) estão a aumentar, ao contrário do número de preservativos distribuídos, que tem vindo a diminuir. A realidade que os números espelham mostra que é urgente apostar na prevenção.

O que são doenças sexualmente transmissíveis (DST)?

Doenças sexualmente transmissíveis são doenças infeciosas, frequentemente transmitidas através do contacto sexual (vaginal, anal ou oral). Transmitem-se através do contacto com uma pessoa infetada, que pode, ou não, exibir sinais visíveis da doença. 

Algumas doenças, como a síndrome da imunodeficiência adquirida (SIDA), a Hepatite B e a Sífilis podem também ser transmitidas através do sangue infetado ou da mulher grávida infetada para o bebé durante a gravidez, parto ou amamentação.

São vários os agentes infeciosos (fungos, parasitas, vírus ou bactérias) que podem estar envolvidos na transmissão das doenças sexualmente transmissíveis, bem como são várias as DST já identificadas.

cancro do testículo

8 DST: 8 motivos para apostar na proteção

1. Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA)

O vírus da imunodeficiência humana ataca o sistema imunitário, deixando o nosso organismo mais sensível e permeável a outras doenças. A sua transmissão acontece por via sexual, pelo contacto com sangue infetado ou da mãe para o bebé.

Algumas semanas após o contágio podem surgir os sintomas, semelhantes aos de uma gripe: febre; dores de cabeça; suores; dores musculares e ao nível das articulações; aumento dos gânglios linfáticos. Quando a presença deste vírus não é devidamente diagnosticada e tratada pode surgir uma imunodeficiência grave que se caracteriza pelo surgimento de tumores e infeções que o sistema imunitário não é capaz de combater.

2. Hepatite B

Este vírus, transmitido através do contacto com sangue infetado e através de relações sexuais. Pode estar presente no sangue, no sémen e nas secreções vaginais. A transmissão entre mãe e bebé também pode ocorrer durante a gestação, o parto ou a amamentação.

Na grande maioria dos casos os vírus é eliminado pelo organismo, no entanto, quando tal não acontece pode provocar complicações graves, nomeadamente neoplasias hepáticas. Os sintomas são habitualmente pouco específicos: cansaço; febre; dor abdominal; dor nas articulações; erupções cutâneas. A vacinação é a forma mais efetiva de prevenir a doença.

3. Sífilis

Esta doença infeciosa pode afetar praticamente todos os tecidos e órgãos corporais. Transmitida através das membranas mucosas, como as da vagina, da boca ou através da pele, pode propagar-se por todo o organismo através do sangue.

Inicialmente apresenta-se sob a forma de uma ferida indolor (na vagina ou sobre o pénis) e, algumas semanas depois, surgem sintomas semelhantes aos de uma gripe (febre; dores articulares; falta de apetite; suores). Na maioria dos casos surge também uma erupção cutânea característica que atinge as palmas das mãos.

4. Gonorreia

Esta infeção bacteriológica muito comum em todo o mundo é a principal causa de inflamação da uretra (uretrite). Pode também afetar outras áreas, como por exemplo, o colo do útero e o ânus.

Os sintomas surgem apenas alguns dias após a relação sexual e alguns dos mais comuns são: corrimento uretral; ardor ao urinar; comichão uretral; fluxo vaginal amarelado. Para além da via sexual, a transmissão também pode ocorrer entre mãe e filho, durante o parto.

5. Infeção por Clamídia

Infeção bastante comum, causada pela bactéria chlamydia trachomatis, tende a afetar os mais jovens. A sua transmissão ocorre por via sexual (anal, vaginal ou oral) ou de mãe para filho, durante a passagem do bebé pelo canal vaginal, no parto.

É uma infeção silenciosa na medida em que os sintomas (fluxo abundante; sangramento anormal; dores ao ter relações sexuais ou ao urinar) podem estar ausentes durante anos, contudo, a pessoa continua a ser fonte de contaminação. Quando não tratada pode ter consequências mais gravosas. Por exemplo, nas mulheres, a bactéria pode progredir em direção ao útero, trompas e ovários, provocando infertilidade e doença inflamatória pélvica. Já nos homens, pode ocorrer a infeção da próstata.

6. Herpes Genital

Semelhante ao herpes oral, o herpes genital pode afetar os órgãos genitais e a pele que rodeia o reto ou as mãos, bem como pode ser transmitido a outras partes do corpo. É uma infeção viral que ocorre na sequência de sexo vaginal, oral ou anal com alguém infetado. Os sintomas surgem alguns dias após o contágio e podem incluir: prurido; formigueiro; bolhas ou vesículas pequenas e dolorosas.

7. Candidíase

Infeção fúngica, que frequentemente afeta o pénis e a vagina. Habitualmente não é transmitida por via sexual, estando muitas vezes associada à maior utilização de antibióticos, contracetivos orais e outros medicamentos.

As mulheres podem sentir prurido e irritação na vagina e na vulva, ligeira secreção vaginal espessa e inodora, e vulva avermelhada. Nos homens, a glande e o prepúcio podem apresentar sintomas irritativos e dolorosos.

8. Infeção pelo Vírus do Papiloma Humano (HPV)

Esta DST, muito comum em todo o mundo, pode ser assintomática. Pode originar diversas lesões benignas (verrugas), no entanto, em alguns casos, as suas consequências podem ser mais graves (cancro do colo do útero).

Existem diferentes tipos de HPV, que podem afetar zonas diferentes do nosso corpo. Pode ser transmitido durante o sexo vaginal, oral ou anal, ou durante o contacto de pele íntimo entre pessoas, em que pelo menos uma esteja infetada. Felizmente, a vacina pode garantir proteção em relação a determinados tipos de HPV, devendo ser realizada de acordo com o Programa Nacional de Vacinação.

mulher com sintomas de infecao urinaria

Como prevenir a ocorrência de doenças sexualmente transmissíveis?

Quando usado corretamente, o preservativo é o único meio eficaz de evitar a transmissão de DST. É importante que o prazo de validade dos preservativos seja respeitado e que estes não sejam guardados em locais que atinjam temperaturas extremas (quer de frio, quer de calor). Também não é aconselhada a utilização simultânea de preservativo feminino e preservativo masculino, devido ao risco de rotura.

Também não deve existir partilha de seringas, agulhas e objetos cortantes com outras pessoas e, após iniciada a vida sexual, o médico deve ser visitado de forma periódica.

Tenho uma doença sexualmente transmissível. E agora?

Importa estar alerta aos sinais que podem indicar a presença de uma DST, tais como os que listamos abaixo.

DST na mulher:

  • comichão ou sensação de queimadura na vulva, vagina ou ânus;
  • sensação de ardor ao urinar;
  • excreções vaginais brancas ou amareladas, com odor desagradável;
  • ferida na pele e mucosas dos órgãos genitais;
  • dor durante o ato sexual;
  • dor frequente no fundo do abdómen.

DST no homem:

  • ferida na pele e mucosas dos órgãos genitais;
  • sensação de ardor ao urinar;
  • corrimento, tipo pus, no pénis.

Na presença de potenciais sinais de uma DST não deve procurar tratar-se autonomamente, sem recorrer a ajuda médica. É importante que procure o médico e que cumpra o tratamento prescrito, bem como deve alertar as pessoas com quem manteve relações sexuais, para que possam também procurar ajuda médica. Felizmente, quando detetadas e tratadas atempadamente, a maioria das doenças sexualmente transmissíveis pode ser curada.

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