Belinda Sá
Belinda Sá
14 Ago, 2017 - 11:48

Doença de Lyme: quando a mordida da carraça ataca

Belinda Sá

Provocada pela bactéria Borreliose Lyme, esta doença afeta diferentes órgãos e sistemas, entre os quais o sistema nervoso central.

Doença de Lyme: quando a mordida da carraça ataca

As carraças – parasitas externos (ectoparasitas) que se alimentam do sangue de vários animais (entre os quais cães, gatos, aves, suínos, roedores e ruminantes) – são os transmissores da Doença de Lyme. Tendo em conta que são portadoras de bactérias, vírus e outros agentes infecciosos, podem provocar doenças graves, quer ao animal hospedeiro, quer ao Homem.

Mas, afinal, como se dá a transmissão da Doença de Lyme?

Após a picada (geralmente indolor) da carraça infetada, as bactérias invadem a corrente sanguínea e, de seguida, espalham-se pelo corpo, o que provoca a Doença de Lyme. Axilas, couro cabeludo e região da virilha são as zonas do corpo que merecem maior atenção e cuidado, pois são as áreas prediletas do corpo humano para os carrapatos se instalarem.

Contudo, se detetar a carraça 24 horas depois desta se alojar no seu corpo, a probabilidade de vir a ser infetado e desenvolver a Doença de Lyme é reduzida. Por outro lado, caso ultrapasse as 36 horas, maior é o risco de contrair a doença.

Em Portugal, há pelo menos quatro espécimes de bactérias causadoras da Doença de Lyme.

Primavera e Verão: cuidados devem ser redobrados

A proliferação da bactéria que provoca a Doença de Lyme é diretamente proporcional à temperatura. Por outras palavras, quanto mais quente estiver o clima, maior é a proliferação da Borreliose Lyme, bem como a possibilidade de ser atacado por este parasita. Assim, esteja especialmente atento nesta altura do ano.

Em relação ao verão, é nas horas mais frescas (de manhã e ao final da tarde) que os carrapatos vão para a ponta das ervas e arbustos, o que facilita a sua passagem para os animais.

A Doença de Lyme constitui, portanto, um risco elevado de saúde pública, nomeadamente para as pessoas que trabalham ao ar livre (principalmente em lugares de maior perigo como parques, jardins e espaços florestais, sobretudo no interior do país). Ou seja, se acha que é um sortudo porque trabalha ao ar livre, talvez seja tempo de se preocupar com o outro lado da moeda e pensar em formas de evitar, por exemplo, a incidência da Doença de Lyme.

Sintomas da Doença de Lyme

Os sintomas são semelhantes aos da esclerose múltipla e fibromialgia. Podem manifestar-se alguns dias ou até mesmo décadas depois, porque a bactéria tem a capacidade de ficar inativa vários anos no organismo humano. Os primeiros sintomas começam, na maioria dos casos, com a fragilização do sistema imunitário.

Alguns sintomas:

  • Fadiga generalizada *
  • Inchaço dos gânglios linfáticos próximos da picada
  • Mal-estar *
  • Dores de cabeça
  • Febre e calafrios (menos frequente)
  • Rigidez do pescoço
  • Dores musculares e articulares
  • Paralisia facial e outros distúrbios relacionados com o sistema nervoso central
  • Eritema Migrante (mancha vermelha de forma circular ou ovulada, com cerca de dois a dez centímetros de diâmetro, cuja zona central é mais clara, que surge na área da mordedura; aumenta com o passar do tempo)

* Podem prolongar-se durante anos, ao contrário dos restantes sintomas.

Tratamento da Doença de Lyme

Depois de ser infetado com a doença, o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível, no sentido de reduzir eventuais complicações acrescidas que possam vir a ocorrer no futuro. O combate da Doença de Lyme é feito através da administração de antibióticos.

Conselhos de prevenção para quem trabalha ao ar livre, especialmente em espaços agroflorestais:

  • Usar meias por fora das calças;
  • Aplicar repelente;
  • Manusear animais mortos com luvas;
  • Verificar com frequência se tem carraças no corpo.


Veja também: