Olga Teixeira
Olga Teixeira
05 Set, 2023 - 13:00

Desemprego em Portugal: o que dizem os números de 2023

Olga Teixeira

O desemprego em Portugal tem descido ao longo de 2023. A taxa de desemprego está perto dos 6%, mas continua alta entre os jovens.

pessoas a analisar situação de desemprego em Portugal

Os números do desemprego em Portugal continuam a descer, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos ao segundo trimestre de 2023. No entanto, com o fim da temporada marcada pelos trabalhos de verão, é provável que o índice de desemprego sofram alterações de agravamento neste período.

E se é verdade que a taxa de desemprego diminuiu em relação aos três primeiros meses do ano, mantendo-se próxima valores verificados em 2022, é também verdade que os números não animadores. Prova disto é que, se compararmos com o mesmo período do ano passado (o chamado período homólogo), verifica-se uma subida no índice deste ano.

Se este é um tema que lhe interessa, conheça todos os números do desemprego em Portugal e saiba quem, apesar do contexto favorável, está a ter mais dificuldades para encontrar emprego.

Desemprego em Portugal: taxa de desemprego desce

Os dados do INE relativos ao desemprego em Portugal mostram que existem cerca de 324,5 mil pessoas sem trabalho, menos 55,8 mil do que no primeiro trimestre do ano. Ainda assim, em comparação com o período homólogo de 2022, há um aumento de 8,6%, ou seja, mais 25,7 mil desempregados.

A taxa de desemprego deverá ter ficado nos 6.1%, o que representa uma descida de 1,1% em relação ao início de 2023. Os registos da Pordata mostram que esta tendência de descida e de valores abaixo dois dois dígitos tem sido consistente desde 2016, isto apesar de um pequeno aumento em 2020, devido à pandemia.

Para este crescimento do emprego contribuíram sobretudo os seguintes grupos:

  • mulheres
  • jovens entre 16 e 24 anos
  • adultos dos 55 aos 74 anos ;
  • pessoas com ensino secundário ou pós-secundário ;
  • pessoas à procura de novo emprego;
  • desempregados há menos de 12 meses.

Desemprego de longa duração menor do que em 2022

O desemprego de longa duração (desempregados há mais de 12 meses) equivalia, no segundo trimestre de 2023, a 42,0% da população desempregada. Apesar da ligeira subida em relação aos números do início do ano, este valor era inferior ao que se tinha registado no mesmo período de 2022.

Os dados mostram que, num ano, a redução do desemprego de longa duração se fez sentir sobretudo nos homens, nos jovens entre 25 aos 34 anos e nas pessoas que tinham concluído ensino secundário e pós-secundário.

O peso do desemprego de muito longa duração (ou seja, pessoas que estão há dois anos ou mais sem trabalhar) aumentou em relação ao início do ano, mas é menor do que no mesmo período de 2022.

Desemprego jovem elevado

Os números de desemprego em Portugal indicam uma elevada taxa de desemprego entre os mais novos (dos 16 aos 24 anos). Este valor está nos 17,2%; ainda assim, fica abaixo do trimestre anterior.

Apesar da descida, o valor verificado em Portugal continua a ser superior à média da União Europeia (14%), sendo o 6.ª taxa mais elevada na UE-27.

Lisboa com taxa acima da média nacional

Os dados do INE referentes ao desemprego em Portugal mostram também que entre março e junho de 2023 houve quatro regiões com uma taxa de desemprego acima da média nacional:

  • Área Metropolitana de Lisboa: 7,0%;
  • Região Autónoma dos Açores: 6,7%;
  • Norte: 6,4%;
  • Região Autónoma da Madeira: 6,4%.

Por outro lado, há três regiões cujo desempenho foi positivo em termos de emprego, com uma taxa de desemprego abaixo dos 6,1%: Alentejo (5,3%), Algarve (5,0%) e Centro (4,9%).

Desemprego em Portugal desce, teletrabalho aumenta

A diminuição do desemprego em Portugal aumentou para cerca de 4.979 milhões o número de pessoa empregadas, o que representa uma subida de 1,1% (54,7 mil) em relação ao primeiro trimestre de 2023 e de 1,6% em comparação com o trimestre homólogo. A taxa de emprego (relação entre a população empregada e a população em idade ativa) estava nos 57%.

Esta subida ficou a dever-se principalmente a um acréscimo de emprego nos seguintes grupos:

  • homens;
  • jovens dos 16 aos 24 anos;
  • pessoas que com habilitações até ao 3.º ciclo do ensino básico;
  • empregados no sector da indústria, construção, energia e água;
  • trabalhadores por conta de outrem;
  • contratos a termo;
  • trabalhadores a full-time.

Regime híbrido a crescer

Os dados do INE indicam também que, entre 1 de março e 30 de junho de 2023, mais de 900 mil pessoas estiveram em teletrabalho. Um valor que representa 18,3% da população empregada e que foi ligeiramente superior ao que se verificou no primeiro trimestre do ano.

Entre as pessoas que estavam em teletrabalho, 25,9% trabalharam sempre a partir de casa. Cerca de 34,4% esteve em regime híbrido, conciliando o trabalho presencial e em casa. Mais de 242 mil (14,8%) trabalharam em casa pontualmente e 24,3% em casa, mas fora do horário de trabalho.

Os dados relativos ao teletrabalho indicam, também, que o regime híbrido aumentou. Entre os que alternaram entre casa e o local de trabalho, a solução mais comum foi o que conjuga alguns dias por semana em casa todas as
semanas (69,3%). Quem estava neste regime trabalhou em média, três dias por semana fora do local de trabalho.

Entre as pessoas que estiveram em teletrabalho, 94,7% (908,9 mil) usaram tecnologias de informação e comunicação (TIC) para trabalhar.

Os números do desemprego em Portugal em 2022

Em 2022 a taxa de desemprego em Portugal foi de 6%, o que representou uma diminuição de 0,6% em relação a 2021. A população empregada era, em finais do ano passado, de cerca de 4,9 milhões de pessoas, mais 117 mil do que no ano anterior.

No fim de 2022 a taxa de desemprego jovem estava em 19,9%, valor que em 2023 já desceu.

Os trabalhadores de contratos sem termo eram, no final do ano, 3.462,1 milhões, mais 20 mil do que em 2021. Segundo o Governo, “a subida registada superou o crescimento total do emprego, o que poderá resultar de uma conversão de contratos precários em vínculos sem termo”. 

Os setores que em 2022 mais terão contribuído para a redução do desemprego em Portugal foram Alojamento, Restauração e similares (mais 52,0 mil trabalhadores); Indústrias Transformadoras (uma subida de 43,7 pessoas empregadas) e outros serviços (mais 44,5 mil trabalhadores).

Previsões do desemprego para 2024

Os dados relativos ao desemprego em Portugal estão um pouco abaixo das previsões feitas pela Comissão Europeia em maio deste ano.

A instituição lembra que os valores mensais aumentaram entre o final de 2022 e o início deste ano, considerando que isto se deveu a “um forte aumento da atividade de procura de emprego, enquanto o emprego cresceu apenas marginalmente”.

Salientando os dados recorde das taxas de emprego e de atividade verificados no início de 2023, a Comissão Europeia prevê que a taxa de desemprego seja de 6,5 % em 2023 e de 6,3 % em 2024.

As previsões do Governo, segundo o que é transmitido no Programa de Estabilidade Estabilidade 2023-2027 apontam para uma taxa de desemprego de 6,7% em 2023 e para descidas nos próximos anos: 6,4 em 2024, 6,2% em 2025, 6% em 2026 e 5,8 em 2027.

Fontes

Veja também