Teresa Campos
Teresa Campos
22 Jan, 2024 - 13:58

Pele atópica: como identificar uma dermatite?

Teresa Campos

A pele atópica é uma patologia cada vez mais frequente. Saiba como identificar um quadro de dermatite e como controlar os sintomas.

A dermatite atópica, ou pele atópica como é habitualmente mais conhecida, é uma doença de pele cada vez mais frequente e que, embora seja muito associada à infância, pode surgir e manifestar-se ainda durante a idade adulta.

Embora alguns estudos apontem um maior agravamento no inverno, devido ao frio e à pele seca, é certo que os banhos de água salgada e o suor provocado pelas temperaturas altas do verão também fazem com que a pele atópica se ressinta. Portanto, fique a perceber melhor este problema de saúde, a sua evolução e o que pode fazer para controlar os seus sintomas.

Dermatite ou pele atópica: aprenda a prevenir o prurido e as lesões

dermatite

A dermatite ou pele atópica é uma doença inflamatória crónica da pele. A sua incidência na população tem vindo a aumentar nos últimos anos, sobretudo nas áreas urbanas. Atualmente, este problema afetará entre 10% a 20% da população pediátrica, quer meninos, quer meninas.

Normalmente, ela surge na infância (90% dos casos ocorrem antes dos 5 anos), sobretudo no primeiro ano de vida (altura em que são diagnosticados 60% das situações).

O prognóstico é favorável, visto que 60% das crianças apresentam diminuição ou desaparecimento total das lesões, antes da puberdade. Contudo, muitas vezes, o desaparecimento da dermatite atópica dá lugar ao surgimento de outra atopia, como asma ou rinite.

Crê-se que quanto mais tardia for a manifestação da doença mais longa é a persistência dos seus sintomas. Em Portugal, esta é uma patologia que afeta cerca de 10% das crianças.

Causas

A causa exata da dermatite atópica ainda é desconhecida. Contudo, associam-se à sua origem mecanismos imunológicos de hipersensibilidade imediata e retardada, idênticos aos que estão na génese da asma brônquica ou da rinite.

Assim, julga-se que a componente hereditária pode ser importante. De um modo geral, a dermatite atópica afeta pessoas com história pessoal ou familiar de asma, rinite alérgica ou dermatite atópica. Por exemplo, uma criança, cujo pai/mãe tenha uma condição atópica (asma, rinite, alérgica ou dermatite atópica), possui cerca de 25% de probabilidade de também apresentar alguma forma de doença atópica. Essa probabilidade aumenta para 50%, se ambos os pais apresentarem doença atópica.

Sintomas

A dermatite atópica carateriza-se por: prurido cutâneo (recorrente) e a distribuição pelo corpo de lesões que podem variar de configuração de acordo com a idade e da fase.

Fase aguda

  • erupções avermelhadas;
  • pápulas ou vesículas;
  • exsudação e formação de crosta.

Fase crónica

  • lesões descamativas.

Idades

  • Na chamada primeira infância, é comum a dermatite afetar toda a superfície corporal, à exceção da “região da fralda”.
  • Já na segunda infância, as lesões atingem essencialmente os membros e as suas superfícies flexoras.
  • Finalmente, na idade adulta, as lesões de eczema localizam-se, basicamente, nas mãos e pés, na superfície flexora dos membros e na região cervical. Nestas regiões do corpo, a pele tende a ser mais grossa, áspera, seca e escurecida.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da dermatite atópica é feito através do exame das caraterísticas das lesões e da análise do histórico familiar, nomeadamente se há parentes com outras alergias.

Não existe cura para a dermatite atópica, mas há medidas que podem evitar o agudizar do problema, nomeadamente:

  • evitar o contacto com substâncias que irritem a pele;
  • evitar ter a pele seca;
  • usar roupas de fibras naturais, como algodão;
  • calçar meias de algodão e sapatos arejados;
  • enxaguar bem as roupas, depois de lavadas, para prevenir os resquícios de detergente;
  • tomar banhos rápidos e com água morna;
  • secar a pele, sem a esfregar;
  • evitar o uso excessivo de sabonetes;
  • aplicar um hidratante neutro logo após o banho;
  • preferir cremes com corticosteróides capazes de suavizar as lesões e controlar o prurido;
  • aplicar vaselina ou óleo vegetal na pele para mantê-la macia e lubrificada;
  • recorrer a anti-histamínicos, em situações de maior crise;
  • manter as unhas curtas para reduzir o risco de coçar e criar uma infeção cutânea, a qual implique a toma de antibióticos orais.

Além disso, há um tratamento com luz ultravioleta associado a doses orais de psoralene que pode ajudar os adultos com este problema de pele. Aconselha-se, sempre, junto do seu médico sobre quais as medidas mais indicadas a tomar, no seu caso específico.

Outros aspetos a considerar

Embora ainda não se saibam quais as causas precisas desta doença, já se conhecem alguns fatores de agravamento da mesma, tais como:

  • o suor pode agravar os sintomas da dermatite;
  • o calor intenso, bem como as mudanças bruscas de temperatura, podem agravar este problema de saúde, pelo que os quartos devem ser bem arejados e evitar-se o recurso a cobertores de cama muito quentes;
  • os ácaros são outro elemento de agravamento da dermatite, por isso deve evitar-se tudo aquilo que seja mais propício à atração de pó;
  • o stress emocional também pode desencadear fases agudas da doença.
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